terça-feira, 25 de novembro de 2008

Discurso de Steve Jobs para formandos de Stanford

A todos os meus ex-alunos, e especialmente à turma de formandos de Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo, cuja cerimônia de colação de grau será em 26 de fevereiro de 2009, e de quem serei paraninfa, quero deixar esta lembrança.

Quando, às vezes, tiverem a impressão de que a vida lhes está pregando uma peça, e que "coisas ruins" estiverem acontecendo, revejam este vídeo.

Lembrem-se de olhar para trás e de "ligar os pontos". Nada é por acaso. Não existem coincidências. Não desistam, não se entreguem, vejam o quanto coisas que aparentemente eram sem sentido passaram a fazer parte de um aprendizado muito maior do que qualquer curso superior possa oferecer.


Lembrem-se de que "a mudança e a morte são as únicas coisas das quais temos absoluta certeza", e que a "morte" nada mais é do que o fim de um ciclo para que outro possa se iniciar.
Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei?


Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro." Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade.

E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes.


Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.


Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.


Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.

De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa - sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação - o Macintosh - e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo.


Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.

Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último". Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.


Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem. Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas.

Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: "Continue com fome, continue bobo". Foi a mensagem de despedida deles. "Continue com fome. Continue bobo." E eu sempre desejei isso para mim mesmo.

E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês: - Continuem com fome. Continuem bobos.

Obrigado.

domingo, 16 de novembro de 2008

Caminhos e pontes para o diálogo (3)

VALOR – Esses diagnósticos não servem apenas para orientar a comunicação, mas podem alterar o próprio negócio?

OLINTA – Exato. A comunidade tem muito a contribuir e ela reorienta, sim, a forma e atuação a empresa.

RODRIGUES – A empresa tem de abrir porta e janela para todo lado, senão está morta. Quem faz isso hoje é a área de comunicação. Na CPFL, a cada 15 dias a gente leva para um almoço com a diretoria uma pessoa que discorre sobre o problema o vizinho, por exemplo.

ELISA – A comunicação era numa direção só, agora é um diálogo. A empresa se reorganiza diante dessas opiniões externas.

RODRIGUES – O mundo mudou e os vínculos não são mais verticais. Todos querem se comunicar, só que, quando se comunicam à maneira antiga, dando ordens, já não funciona, porque agora os vínculos são horizontais. E como é que se faz comunicação horizontal sem autoridade? É preciso persuadir, e não dar ordens. Isso muda tudo. Isso nos coloca no centro do mundo em toas as empresas.

MALU – É a rede trazendo demandas. A gente tem que saber ouvir.

RODRIGUES – Os jovens executivos não estão ligando para a carreira, eles querem vencer rapidamente, A tal a lealdade organizacional é coisa da década de 60. Agora nós estamos casados com áreas de RH para montar projetos de como oferecer valores a esses meninos, valores que possam colocar no mesmo barco os velhos e os novos, os gaúchos e os paulistas.

CARNEIRO – Numa empresa como a Petrobras, a resiliência de imagem é muito elevada. A descoberta do pré-sal, por exemplo, é um baita desafio para a Petrobras, e os públicos estão acompanhando esse desafio junto com a empresa. É possível que haja questionamentos, mas o investidor tem uma confiança tão grande na empresa que o possível impacto da aparente indefinição sobre esse tema é diluído ao longo o tempo pela reputação da Petrobras, pó essa franquia que a empresa tem de simpatia, de confiança e de admiração. À comunicação resta potencializar esses ativos com os 13 públicos que temos mapeados e há, no momento, um trabalho articulado de deixar claro para todos esses públicos, sejam investidores, sejam organizações não-governamentais, o que são essas reservas e o que elas representam.

VALOR – Quanto da gerência da marca envolve também fazer política? Parece que a Araracruz faz isso no caso do sul da Bahia, por exemplo.

BRANDÃO – Eu vou aproveitar essa pergunta para tratar das empresas que têm muita exposição no exterior, nesse Brasil novo, e as que agora estão se posicionando fora do Brasil. A hora é nossa. Aquela hegemonia de sempre do Hemisfério Norte está seno desafiada. Nesse contexto, uma das coisas de que a Araracruz às vezes sente falta e outra empresas virão a sentir é de mais conhecimento sobre o Brasil em mercados exigentes. Existe um conhecimento do folclore e um desconhecimento muito grande do dilema que é um país deste tamanho, com tanto recurso natural, com tantas empresas grandes bem posicionadas e com tantas desigualdades. Como explicar as carências que regiões como o extremo sul da Bahia ainda tem em pleno século XXI? Para um europeu ou um americano, muitas vezes a ignorância do que significa o Brasil o torna muito mais sensível a informações que chegam um pouco enviesadas. Se não tomarmos cuidado, com as melhores intenções, nós mesmos, os brasileiros, vamos dar um tiro no pé as nossas empresas e prestar um serviço à concorrência internacional. Do lado de lá existem lobbies, indústrias tradicionais que estão ameaçadas, sindicatos de trabalhadores muito bem estruturados – e todos não vão ficar quietinhos vendo um país chamado Brasil começar a tomar espaços muito grandes.

VALOR – Mas fazer parte do índice de Sustentabilidade da Sow Jones, como a Araracruz faz, não ajuda a compor uma boa reputação?

BRANDÃO – Cria um colchonete e reputação, não cria o colchão que a Petrobras tem, e é um índice do qual você pode sair no ano seguinte. Somos a única empresa do mundo que tem esse índice na área florestal, mas isso é pouco, isso fala com pessoas como nós, nossos fornecedores, nossos clientes, nossos investidores. Mas o público mais importante, hoje, para empresas como a Araracruz, é aquele público crítico, quase sempre o terceiro setor.

LAGE – A área de comunicação tem, de fato, assumido papéis relevantes na discussão de temas transversais na empresa. Mas ela não faz isso sozinha – nem pode. Quando a comunicação cresce muito, ela também precisa ter credibilidade dentro a corporação, entre pares, Até pouco tempo atrás, não tinha, era simplesmente uma área técnica, de suporte. Hoje, a atividade de comunicação extrapola para toas as áreas da empresa, que precisam entender que o processo de comunicação não é meramente técnico, mas ocorre em todos os momentos, na rotina da organização. Dessa forma, todos podem contribuir. E o comunicador passa a ter um papel e articulador político.

ELISA – No fundo, os funcionários formam a opinião da empresa. Cada vez mais há encontros internos com todos os funcionários, não só da liderança, mas também do chão de fábrica, para explicar exatamente onde a empresa quer chegar e fazer com que essas pessoas também ajudem a vender e promover o crescimento os negócios.

MALU – Até porque comunicação “interna” não existe. Tanto o público interno como todos os outros públicos estão cada vez mais críticos, conhecendo cada vez mais o negócio, esperando cada vez mais respostas – e toas essas comunidades conversam entre si. No nosso caso, são 60 mil funcionários, 60 mil críticos potenciais que vão falar em comunicação “interna”.

OLINTA – Há uma mudança no perfil dos gestores também. Hoje, a empresa busca gestores qualificados para lidar com comunicação, ao mesmo tempo em que prepara os gestores que têm e cuja formação não incluiu essa atribuição que hoje lhes é cobrada. O gestor, agora, é responsável pela imagem e pela reputação da empresa, pelas questões ambientais no geral, independentemente a função em que está, e é responsável da mesma forma pelas relações com a comunidade, com a imprensa, com os empregados.

POLIDORO – De fato, são os gestores que estão lá na ponta que sabem quais são os problemas. Nossa palavra de ordem, hoje, é confiança. A perda ou a manutenção da confiança da sociedade é que vai fazer com que o negócio seja bem-sucedido ou não, e a confiança é preservada pela boa prática e pela boa comunicação. O gestor deve compreender esse processo. Se ele não compreende, proliferam os mitos. Toda empresa se defronta com alguém preparado para criar um mito em torno deles. Há mitos na área de infra-estrutura, que é a nossa, a Araracruz enfrenta seus mitos, a Vale tem o mito da privatização... Há gente trabalhando para preservar esses mitos. Só o gestor que está lá, convivendo com isso no dia-a-dia, saberá como reagir. Se ele precisar de um apoio especializado, ele nos chama. Mas ele deve ter competência para entender o que se passa.

VALOR – Como é que a empresa se assegura de que o gestor que está na ponta terá essa competência?

OLINTA – Capacitação e, mais do que isso, discussão local. Por exemplo, os diagnósticos de que falei não são feitos pela comunicação, mas pela Fundação Vale. Eu leio esses diagnósticos e discuto sob a ótica da comunicação, e o gestor operacional faz a mesma coisa aplicada à sua área, o que não acontecia no passado recente, quando as questões relacionais não era atribuição os executivos. Hoje, são.


Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Relações Públicas em destaque em Cannes

Como a Marcia Ceschini antecipou ontem na lista do Mundo RP, o Festival Internacional de Publicidade de Cannes vai oficializar a categoria PR Lions já na próxima edição, que acontecerá em 21 a 27 de Junho de 2009.

Veja a íntegra da notícia:

"Cannes oficializa PR Lions
2008/11/11 - Carlos Martinho

A Emap, organizadora do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, vai oficializar nos próximos dias o lançamento da competição de Relações Públicas já a partir da próxima edição do evento, que se realizará entre 21 e 27 de junho de 2009.

Os PR Lions vão premiar case studies de relações públicas nas áreas de imagem corporativa, estratégias de utilização de media e eficácia de relacionamento com diversos públicos.

Tal como Philip Thomas, presidente do Cannes Lions, explicou no final da edição passada, e apesar das especificidades que envolvem a apresentação de case studies desta disciplina, o interesse das agências de relações públicas em participar na competição foi essencial para que a estréia ocorra já em 2009."

Fonte: Briefing - http://www.jornalbriefing.iol.pt/noticia.php?id=1011621&div_id=3420

domingo, 9 de novembro de 2008

Caminhos e pontes para o diálogo (2)

MARCO ANTÔNIO LAGE – A Fiat automóveis trata a comunicação empresarial como uma ferramenta estratégica e incluiu nela algumas áreas que, antes, eram mais ligadas ao marketing. A comunicação corporativa também coordena um comitê de imagem, que reúne as áreas de comunicações internas e a publicidade. Foi um grande desafio integrar toda a política de comunicação estratégica com a área de publicidade, que tem um conceito e uma prioridade muito mais comercial. E hoje estamos mais bem integrais também com a área de marketing. Desde 2000 temos um assento no conselho de administração e no comitê diretivo da empresa, participando de todo o planejamento de longo prazo. E, desde janeiro deste ano, estamos integrando as 15 empresas do Grupo Fiat no Brasil ao modelo de gestão de comunicação implantado na Fiat Automóveis.

AUGUSTO RODRIGUES – Até dez anos atrás, éramos uma só empresa, que distribuía energia elétrica para o interior do Estado de São Paulo. Estávamos sediados em Campinas, éramos um pouco caipiras e tínhamos muito orgulho de estar longe da grande imprensa, longe da política. Hoje somos 25 empresas, nove delas incorporadas no ano passado, e eu diria que não há nenhum grande projeto em que a diretoria de comunicação não esteja envolvida. Essa diretoria inclui não só as atividades tradicionais de comunicação, como também toda a área de marketing e as áreas comerciais da empresa, de forma que os contratos com as agências de propaganda e publicidade também estão na diretoria de comunicação. Além disso, levamos toda a área de ouvidora para lá, porque não há como gerenciar a organização sem também gerenciar as reclamações. E a área de responsabilidade corporativa está conosco, envolvendo os temas a ética interna e dos programas de investimento social privado. Hoje, temos duas grandes questões em que empregamos a maior parte do tempo. A primeira delas é que nós crescemos muito e precisamos consolidar o Grupo CPFL, ou seja, tratar da identidade corporativa da organização. E o segundo grande problema é o a visibilidade nacional, decorrente da abertura do capital em 2004. Definimos há tempos que íamos comunicar muito mais estratégias de relações públicas o que de propaganda e publicidade.

MALU WEBER – Eu trabalho na holding do Grupo Votorantin, que começou a ser formada em 2001. Data de então a área e comunicação corporativa. Nosso desafio é trabalhar o que chamamos de filosofia de grupo único – criar unidade na diversidade – e respeitar três pontos básicos: a estratégia de negócios, as diferentes culturas e os diferentes públicos com os quais a gente se relaciona. As minhas principais funções hoje são a gestão da marca e o novo posicionamento do grupo, que começa a ser implementado no Brasil e nos 14 países onde estamos presentes. As relações com a imprensa e com o governo estão agora com a nova diretoria de relações institucionais, criada em março do ano passado. Todo o marketing institucional está conosco, os eventos corporativos internos e externos, Também damos diretrizes corporativas de comunicação para todos os negócios o grupo.

OLINTA CARDOSO COSTA – A Vale passou por uma mudança estrutural em 2002 que centralizou todos os processos de comunicação numa única diretoria. Daí para frente, praticamente a cada dois anos alteramos essa estrutura para acompanhar o processo de crescimento da empresa. Desde 2006, a demanda em relação à comunicação internacional cresceu muito e tivemos de acelerar esse processo de reorganização, com a vantagem de que dispomos de um sistema e gestão com padrões, indicadores, políticas e diretrizes. Essas orientações estratégicas para os processos de comunicação não são independentes – eles convergem.

LUIZ FERNANDO BRANDÃO – A Araracruz Celulose tem apenas 40 anos, mas cresceu como a China nos últimos dez anos – e, às vezes, com relação às questões mais importantes de hoje, como a sustentabilidade, a gente se sente um pouco como um adolescente que tem 1m90 e está um pouco desengonçado. Estamos aprendendo. A empresa tem muita exposição no mercado e também alguns desafios singulares de comunicação. A singularidade reside no fato de que exportamos praticamente tudo que produzimos para mercados muito exigentes, sobretudo Europa e América do Norte, mas produzimos em regiões do país muito carentes da presença do Estado, onde nosso trabalho envolve engajamento de comunidades, diálogo, percepção do que se pode fazer como empresa e também a busca e parcerias nas áreas governamental e não-governamental. Trata-se de uma empresa muito poderosa, e o produto dela, no exterior, é rastreável. Se uma ONG quer questionar o consumo de papel no mundo e quer seduzir o consumidor para essa causa, a última tendência é buscar pressionar quem compra a fibra de madeira da Aracruz, por exemplo, através de várias formas. Certificações florestais são interessantes e há formas menos interessantes, como campanhas internacionais contra grandes ícones do fornecimento e commodities para o Hemisfério Norte. Já há muito tempo enfrentamos esse tipo de problema, porque exploramos recursos naturais de forma intensiva, contribuindo para um padrão de consumo que, sob alguns aspectos, vem sendo questionado. De toda forma, a empresa está, agora, num processo muito intenso de aprendizado. Há poucos anos começamos a estruturar o que chamamos de planejamento de sustentabilidade, entendida como um alvo móvel. Regionalmente, procuramos estar bem próximos da imprensa e também da comunidade.

RODOLFO GUTILLA - Na minha atividade de relações governamentais, eu represento a Natura nas associações e entidades de classe do setor, ou seja, boa parte da minha contribuição para a companhia vem daí. Cuido o relacionamento com os públicos corporativos (governo, entidades de classe e comunidade do entorno) e com os públicos avalistas da marca (imprensa, formadores e opinião de um modo geral, ONGs e associações da sociedade civil, entre outros). Organizo e coordeno essas atividades na América Latina e tenho uma responsabilidade sobre a implementação do plano de ação no Brasil. Faço isso com a colaboração de quatro gerências e, obviamente, temos uma centena de terceiros. Nós todos aqui nesta mesa geramos muito emprego e oportunidades de trabalho, fazemos crescer um mercado de muitos bilhões de reais.

LAGE – Evoluímos muito no projeto e comunicação integrada e agora estamos trabalhando na evolução desses conceitos todos para uma comunicação integral, em que o público interno e os demais públicos que se relacionam diretamente com a empresa também são informados e capacitados como porta-vozes da marca.

OLINTA – O fundamental é que a comunicação sozinha não dá mais conta esse recado, porque hoje a gente responde por um processo de relações. E não se fazem relações sem considerações políticas, e todos os públicos, hoje, são muito mais críticos. Dentro desse processo, entender bem os locais onde a empresa opera é algo que já não passa mais por feeling. Precisamos de um diagnóstico profundo de questões sociais, antropológicas, políticas, institucionais, todas postas dentro de um mesmo ambiente com públicos diferentes. Também precisamos reorientar os processos de comunicação e a própria atitude da empresa a partir dessa análise. Hoje, por mais que a reputação funcione como um colchão, a cada dia você precisa fazer muito bem feito. E também precisa conversar o tempo todo com todas as partes envolvidas, para que elas entendam o que a empresa está fazendo ali e a aceitem. Precisamos fazer o que sempre aconselhamos as lideranças a fazer: ouvir, e ouvir dentro e fora da empresa.




Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CAMINHOS E PONTES PARA O DIÁLOGO (1)

Segue a saga de transcrever aqui as matérias da edição da revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa

"A transformação da empresa em corporação de âmbito nacional ou transnacional e até mesmo a simples modernização do seu negócio obrigam a uma revisão do papel da comunicação corporativa. Hoje, essa área integra o alto escalão, formulando estratégias de negócios de longo prazo e muitas vezes liderando mudanças de rumo fundamentais, que incorporam ao vocabulário corporativo expressões impensáveis há alguns anos. Sustentabilidade, direitos humanos, justiça social – tudo isso é hoje parte do discurso empresarial Foi a área de comunicação corporativa que operou a transformação, e é ela que tem mostrado os caminhos – e construído as pontes – que possibilitam um diálogo proveitoso pára todas as partes envolvidas no negócio, do cliente à comunidade do ento5rno. As funções precípuas da área, como a construção da marca, tornaram-se processos que passam pelo reconhecimento dos diferentes públicos da empresa e pelo diálogo permanente com eles.
Tudo isso transformou o comunicados em articulador e educador e, nesse contexto, ele tem de abraçar a bandeira da cultura: precisa ser um intelectual, capaz de lidar com o processo que leva da identidade à alteridade – ao outro, ao diferente, define Paulo Nassar, presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). Essas novas tendências estão fortemente presentes na atuação dos dez profissionais selecionados para participar da mesa-redonda sobre comunicação corporativa, realizada no início de setembro na sede do Valor. Compuseram a mesa od diretores de comunicação da Araracruz (Luiz Fernando Brandão), CPFL (Augusto Rodrigues) Fiat (Marco Antônio Lage), Natura (Rodolfo Guttilla), Odebrecht (Márcio Polidoro), Petrobras (Eraldo Carneiro) Tetra Pak (Elisa Prado), Unimed (Virgínio Sanches), Vale (Olinta Cardoso Costa) e Votorantim (Malu Weber). “Grandes empresas, como as deles, formam tendências”, afirma Nassar, A seguir, os principais trechos:

VALOR – Quais as principais transformações registradas na área de comunicação dentro das corporações?

ERALDO CARNEIRO - Do final da década de 90 para cá, a função de comunicação dentro da Petrobrás tornou-0se estratégica. Ela tem uma participação efetiva há pelo menos oito anos no fórum estratégico da companhia. Fazemos um planejamento que segue exatamente o do ciclo anula da companhia – participamos com insumos, visões e informações sobre imagem, reputação da empresa e cenários e, a partir do que é estabelecido no planejamento estratégico, revisamos o plano de comunicação. Este ano, dentro da revisão feita em função do pré-sal, nós participamos como coordenadores em três projetos dentro do plano estratégico.

VIRGÍNIO SANCHES – A partir da mudança na estrutura diretiva da Unimed do Brasil, no começo desta década, houve uma modernização de práticas, e a comunicação se tornou um processo de planejamento e de conceituação estratégica do negócio. O desafio obviamente é monstruoso. Acho que evoluímos muito, mas estamos ainda, em termos históricos, numa fase rudimentar do que deve ser a comunicação no sistema Unimed.

MÁRCIO POLIDORO – A comunicação fica na holding do Grupo Odebrecht, cujo trabalho é muito mais de definição de políticas e de macroestratégias do que exatamente de operação do cotidiano dos negócios. O foco do trabalho é a perpetuidade, ou seja, o nosso olhar é sempre para além de 10, 209 anos. Na comunicação, cuidamos basicamente de preservação da cultura, para que ela esteja permanentemente presente no cotidiano das pessoas, em u m processo quase que doutrinatório. Promovemos ainda relacionamentos de caráter estratégico para a organização e apoiamos os negócios.

ELISA PRADO – A Tetra Pak também tem uma visão estratégica da área de comunicação. Como em muitas empresas, o papel principal é o do marketing, mas no conselho de administração está sentada não uma pessoa de marketing, e sim uma pessoa da área de comunicação corporativa – o vice-presidente global ao qual eu me reporto. O planejamento de comunicação é feito a longo prazo: já estamos enxergando o ano de 2012. Nosso trabalho principal envolve a imagem corporativa da empresa. Numa recente reunião de diretoria, fiquei perplexa ao constatar que a área estava inserida em todos os 12 tópicos da agenda."


Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

(continua no próximo post)

sábado, 25 de outubro de 2008

CARGO REQUER NOVO PERFIL PROFISSIONAL

Bem, este texto é menor, então vai reproduzido aqui na íntegra!

Desafios de relacionamento com os diferentes públicas da empresa demandam habilidades além da formação técnica de jornalista

A pesquisa do Databerje, instituto de pesquisas da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), foi realizada entre os dias 19 e 28 de agosto, utilizando uma metodologia quantitativa, com uma amostra probabilística aleatória simples. Foram entrevistados, por telefone ou correio eletrônico, os profissionais responsáveis pela área de comunicação em 282 empresas selecionadas no ranking do anuário Valor 1000, que aponta as mil maiores companhias do país por receita líquida.

A grande maioria dos profissionais entrevistados tem entre 25 e 44 anos de idade e 65% deles ocupam cargos de gerência, coordenação ou supervisão na empresa em que trabalham. Em algumas empresas, a área ainda não é estruturada e um assessor responde pela comunicação – não existe a área, mas o processo está presente, explica Suzel Figueiredo, diretora do Databerje, que coordenou o estudo: ‘Os processos de comunicação existem de forma independente, mesmo quando a empresa não se comunica.’

Um terço dos entrevistados formou-se em jornalismo, mas é também grande o número de administradores de empresa (19,9%) e de profissionais de marketing e comunicação (17%). ‘à medida que a área se torna estratégica, ela deixa de ficar na mão do técnico, o jornalista, cuja formação não inclui a prática de gestão’, pondera Suzel. ‘A função vem se tornando cada vez mais multidisciplinar, o que explica a popularidade atual da dobradinha jornalismo/MBA entre os profissionais de comunicação.’ O mesmo fenômeno explica a presença, na área, de antropólogos, advogados, sociólogos, filósofos, historiadores e até engenheiros. É notável, também, a presença feminina no setor: as mulheres são mais da metade dos entrevistados, ocupando 67% dos cargos de supervisão e 50% dos de gerência – mas ainda são minoria flagrante nos cargos de direção, na proporção de uma diretora para cada três diretores de comunicação.

A seleção das empresas entrevistadas obedeceu a critérios geográficos e de atividade econômica, respeitando as características do universo estudado, com uma pequena variação no Sudeste, onde estão 64,5% das empresas incluídas na pesquisa, e no Sul. ‘Em termos estatísticos, essa variação é insignificante’, pondera Suzel, ‘pois o estudo esta equilibrado, representando todas as regiões. O desequilíbrio só ocorreria se o Sudeste tivesse menos de 50% das empresas entrevistadas.’ Também estão representados na amostra os 27 diferentes setores de atividades. Mais de 50% das empresas abordadas são indústrias e 32,6% são prestadoras de serviços. Nada menos que 75% delas empregam mais de mil funcionários. Entre as que têm mais de 5 mil empregados, 40,2% são do ramo de serviços.

Dois terços das empresas são nacionais e, entre as estrangeiras, a maioria dos Estados Unidos, prevalecem as indústrias. Por continente, entretanto, maios da metade das estrangeiras são européias, Também compões a amostra organizações argentinas, mexicanas, canadenses, japonesas, sul-coreanas, chinesas, sauditas e australianas. Cerca de 30% das empresas brasileira entrevistadas já operam fora do Brasil, 18,5% delas presentes em seis a dez países ou em mais de 20, principalmente as indústrias (ao redor de 50% delas atuam no exterior).

Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008 p. 18-20. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A ARTE DOS CONSTRUTORES DE IMAGEM

Conforme prometido, segue texto referente à primeira matéria da revista Valor Setorial Comunicação Corporativa. Não é a íntegra, porque ficaria muito longo, mas algumas das partes mais interessantes.

Boa leitura e aguardem extrato da segunda matéria da revista.

"Área cresce dentro das empresas, assume função estratégica e demanda novo perfil de profissional: o edu-articulador

Corria o ano de 2006. Canário: uma árvore no planalto da remota província do Tete, próximo à vila de Moatize, no noroeste de Moçambique, junto à fronteira do Malawi. Personagens: habitantes do bairro de Mithete, sentados no chão, sob a árvore, e um engenheiro da Companhia Vale do Rio Doce, a Vale, gigante transnacional brasileira, estão prestes a assinar um contrato bom o governo moçambicano para exploração de uma das maiores reservas de carvão do mundo – justamente em Moatize.

Em vez da indefectível apresentação com PowerPoint, o engenheiro operava um grande bloco de papel, no qual desenhava explicações. Ele explicava, primeiro aos homens, depois às mulheres, como requer a cultura local, o que a empresa brasileira estava fazendo ali. E respondia perguntas, claro, por meio de um geólogo nativo da Vale, que traduzia tudo para o nhungue, a língua local. Semanas depois,o mesmo engenheiro estaria na Noruega, desta feita manobrando o PowerPoint e dando explicação semelhantes a noruegueses, mas em outra língua e, sobretudo, em outra linguagem, no melhor estilo business.

Esses contatos com as diferentes comunidades e públicos junto aos quais a empresa opera – os stakeholders – e a incorporação do resultado na própria estratégia de negócios não são uma idiossincrasia da Vale, e sim uma tendência fundamental da comunicação corporativa contemporânea.

(...)

Como resultado, ou causa, desse processo, a própria função da comunicação corporativa é alterada. É o que revela a Pesquisa Comunicação Corporativa nas Organizações 2008, realizada em agosto com exclusividade para esta edição da revista Valor Setorial Comunicação Corporativa, pelo instituto de pesquisa da Aberje, o Databerje. Em metade das empresas incluídas no estudo,, o comunicador já tem assento no conselho executivo da companhia, ou seja, passou de mero editor do “jornalzinho” interno a articulador e educador estratégico – um “edu-articulador”. O neologismo foi criado durante mesa-redonda realizada em setembro, na sede do “Valor”, com dez profissionais de comunicação de grandes corporações no Brasil, sob a coordenação de Nassar.

(...)

‘Comunicação e marketing convivem e dividem a responsabilidade pelos relacionamentos externos e compartilham orçamentos para a construção da marca corporativa.’

(...)

A pesquisa também ouviu os profissionais que trabalham em empresas brasileiras com operações fora do país sobre o modelo de comunicação adotado no exterior. Mais da metade dos entrevistados nesse segmento respondeu que o modelo é igual ou parecido ao que a empresa adota no Brasil e 23,6% responderam que adotam um modelo diferente no exterior. A mesma pergunta foi feita aos profissionais que trabalham em empresas de origem estrangeira – e 33,7% responderam que o modelo no Brasil é diferente do modelo da matriz. Esse último grupo também afirma que a matriz considera ‘ótimo’ e ‘bom’ (76,1%) o modelo adotado na subsidiária brasileira, e 67,4% desses entrevistados relatam que ‘sempre’ ou ‘algumas vezes’ as experiências brasileiras de comunicação são absorvidas pela matriz.

O que significa tudo isso? Significa que os comunicadores corporartivaos brasileiros estão fazendo escola pelo mundo afora. ‘O ambiente brasileiro é muito propício para a comunicaçã’, explica Suzel. ‘Como o brasileiro gosta de se comunicar, a gente faz experiências que nunca foram tentadas em outros países, de maneira que o jeito brasileiro de fazer comunicação é cada vez mais reconhecido lá fora.’ Ela lembra que posturas brasileiras de comunicação têm sido adotadas pelas matrizes de grandes corporações multinacionais, cujas subsidiárias brasileiras acabam ‘exportando’ suas propostas na área. As 20 empresas internacionais que sempre ‘exportam’ projetos de comunicação, segundo a pesquisa do Databerje, são de origens variadas. Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Suíça e Luxembrugo são os países que usam experiências brasileiras, no universo das empresas entrevistadas para a pesquisa.
Quanto maior o número de funcionários, maior é a percepção da área de comunicação corporativa como estratégica (...) É também maior o entendimento de que a empresa está preparada para lidas com a mídia social quando cresce.


(...)

De fato, à medida que a empresa cresce, torna-se cada vez mais difícil ‘blindá-la’ contra agressões à marca, manchas na reputação e distorções da imagem, e cada vez\ mais necessário envolver todos os stakeholders nessa tarefa. Para fazer isso, contudo, é preciso mudar radicalmente a relação da corporação com a sociedade.

(...)

É compreensível que, quanto maior e mais sofisticada a empresa, mais a função da comunicação se torne multidisciplinar, porque o responsável pela comunicação, como afirma Rodolfo Guttilla, diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da Natura, ‘já não responde apenas por bens e serviços, mas lida com o simbólico, com o intangível’. (...) Lida também como polpudos orçamentos e administra equipes contratadas ou terceirizadas, com especializações variadas. Por isso, a formação do jornalista, que é técnica, já não responde às necessidades da função, o que explica a variedade na formação dos entrevistados na pesquisa e exsplica, também, a terceirização de muitas tarefas. Por isso, o que fica dentro da empresa na área da comunicação é a inteligência, que orienta um exército de terceirizados, conforme o diagnóstico do diretor-geral da Aberje.

(...)

‘O executivo é treinado para administrar bens e serviços’, diz Nassar. ‘Hoje, na sociedade do intangível, ele tem de ser um trabalhador do conhecimento.’ Uma das conclusões da pesquisa indica, de fato, que a comunicação não é atribuição definida na estrutura do organograma: ‘É tarefa de todos, do estagiário ao presidente, numa atitude transversal das empresas, que entendem que comunicação e relacionamento são pressupostos para competir nos negócios. No mercado onde tudo se transforma em commodity, saber se comunicar é, cada vez mais, um grande diferencial’."

Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Retrato da comunicação nas empresas - 2008

Pesquisa Databerje sobre comunicação nas empresas é divulgada em publicação bilingüe exclusiva do Valor Setorial - Comunicação Corporativa

A partir das informações levantadas, foi possível concluir que "a comunicação corporativa é hoje um dos pilares da construção da imagem de uma empresa". Realizada entre os dias 19 e 28 de agosto, foram entrevistadas 282 empresas a partir do "ranking do anuário Valor 1000, que aponta as mil maiores companhias do país por receita líquida".
Confira aqui alguns dos dados.

Na maioria das empresas entrevistadas, a comunicação corporativa é vista como de importância estratégica para o negócio.

A comunicação corporativa é a principal responsável pela formação da imagem da empresa.

Comunicação tem mais prestígio que marketing, conta com representação no conselho executivo, tem seu desempenho monitorado, conta com a participação da presidência e tem previsão de novos investimentos na maioria das empresas.
O monitoramento do desempenho é feito tanto via acompanhamento da mídia quanto dos públicos internos e externos.
Na maior parte das empresas entrevistadas, a área de comunicação corporativa conta com uma equipe pequena, não considerados os serviços terceirizados, o que destaca sua atuação estratégica em detrimento da operacionalidade.

A comunicação integrada, com todos os públicos, é a principal estratégia de comunicação corporativa.

Aumentar ou fazer novos investimentos na área de comunicação corporativa é a intenção da esmagadora maioria das empresas pesquisadas, o que reflete a satisfação com os resultados e o reconhecimento do trabalho realizado.

Em termos de orçamento, o marketing ainda leva a maior fatia do bolo.
Na composição de profissionais que trabalham na área é clara a preferência pela formação na área de comunicação (Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Pùblicas e Marketing).
Profissionais de todas as idades compõem a área de comunicação corporativa, com predominância de jovens adultos, na faixa etária dos 25 aos 34 anos.

As mulheres são maioria nas áreas de comunicação corporativa.


Aos poucos, pretendo postar aqui mais algumas informações interessantes que foram publicadas na revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, a fim de facilitar o acesso, uma vez que nem todos poderão adquirir um exemplar e não é possível imprimir ou copiar partes ou o todo da edição na página Valor Online.

Até o próximo post!

Fonte: Revista Valor Setorial - Comunicação Corporativa, outubro 2008. Disponível em http://208.96.41.18/valoreconomico/home.aspx?pub=27&edicao=1, acesso em 20 out 2008.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Monitoramento online da imagem corporativa

O Estadão de 06 de outubro, domingo, publicou uma matéria muito interessante sobre a imagem corporativa na web.

Embora muitas empresas ainda resistam e achem desnecessário acompanhar o que falam dela nos muitos ambientes da Internet, as multinacionais saem na frente e contratam empresas que realizam monitoramento. É um misto de auditoria de mídia na web com auditoria de imagem na web.

Que quiser ler a íntegra, é só clicar no link http://www.estadao.com.br:80/estadaodehoje/20081006/not_imp254295,0.php.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Tripé da Sustentabilidade

Eis uma explicação clara, em linguagem acessível, sobre os princípios da sustentabilidade.

Aqueles que já foram meus alunos, observem a conexão com tudo o que já falamos nas diversas disciplinas que tivemos juntos: Cultura Organizacional, Comunicação Corporativa, Gestão Estratégica de Relações Públicas, entre outras.

Ganha um doce e um beijo quem fizer as melhores análises!





"A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interargir, de forma holística, para satisfazer o conceito.


Pelo parâmetro anterior, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico, seja por meio de mais empregos criados, seja por mais serviços sociais para a população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que para o novo conceito é uma medição limitada.


A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se os empresários e os governantes não cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar em maus lençóis sem matéria-prima e talvez, sem consumidor, além do fantasma de contibuir para a destruição do planeta Terra. Assim, o triple bottom line ficou também conhecido como os 3 Ps (People, Planet and Proift, ou, em português, PPL - Pessoas, Planeta e Lucro).

Vamos então detalhar o que significa cada um desses aspectos, levando em conta a administração de uma empresa, de uma cidade, estado ou país. É importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua casa ou uma pequena vila agrária. Vamos aos 3 Ps.


People – Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Não adianta, por exemplo, uma mineradora pagar bem seus funcionários, se ela não presta nenhuma assistência para as pessoas que são afetadas indiretamente com a exploração como uma comunidade indígena que é vizinha do empreendimento e que é afetada social, economica e culturalmente pela presença do empreendimento. Nesse item, está contido também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o lazer.


Planet – Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. É a perna ambiental do tripé. Aqui assim como nos outros itens, é importante pensar no pequeno, médio e longo prazo. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Assim uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu processo produtivo, que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser levado em conta a adequação à legislação ambiental e a vários princípios discutidos atualmente como o Protocolo de Kyoto. Para uma determinada região geográfica, o conceito é o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um sério zoneamento econômico da região.


Profit – Trata-se do lucro. Não é muito difícil entender o que é o conceito. É resultado econômico positivo de uma empresa. Quando se leva em conta o triple botton line, essa perna do tripé deve levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo.


Para segurar o tripé
Além dos aspectos listados nos três Ps, o desenvolvimento sustentável deve ser pensando por meio de outros aspectos, digamos, mais subjetivos. Trata-se das questões políticas e culturais. Eles são importantes para qualquer tipo de análise do tripé já que leva em conta a premissa de que tudo está interligado.


Os aspectos políticos têm a ver com a coerência entre o que é esperado do desenvolvimento sustentável e a prática adotada através das políticas adotadas seja por uma empresa ou por uma determinada sociedade. Assim, não dá para falar em adotar o tripé se a empresa, por exemplo, adota uma política inflexível de negociação com os funcionários ou não acompanha a legislação ambiental condizente.


Os aspectos culturais devem ser levadas em conta o tempo todo. Quando a empresa está inserida em uma determinada sociedade, ela deve saber as limitações e vantagens culturais da sociedade que a envolve. O exemplo mais gritante é o da empresa que não se relaciona harmoniosamente com a comunidade ao redor de sua área. Se ao lado de uma planta industrial existe uma favela, por exemplo, por que não absorver seus moradores na fábrica, ao invés de aumentar investimentos em segurança particular? Além disso, a cultura de determinada localidade pode ser útil para entender melhor a dinâmica da biodiversidade local, por exemplo."


Fontes:
How Stuff Works - Como tudo fuciona? - http://ambiente.hsw.uol.com.br/desenvolvimento-sustentavel2.htm
Blog Semana do Meio Ambiente 2008 - http://semanademeioambiente.blogspot.com/2008/03/triple-bottom-line-ou-trip-da.html

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Estágio RP - turno da tarde - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente

Vaga para Assessoria de Comunicação / EVENTOS

FORMAÇÃO: Comunicação Social- Relações Públicas
LOCAL: Secretaria do Verde e do Meio Ambiente- Paraíso. Prox. Av. Paulista.
PERÍODO DE TRABALHO: 4 horas- vespertino
BOLSA: R$ 484, 21
INÍCIO: imediato

ATIVIDADES:
· Atuação em eventos e cerimonial público
· No dia-a-dia também fará um pouco de assessoria de imprensa

REQUISITOS:
  • Cursando 2° ou 3° anos.
  • Cadastro no CIEE obrigatório
  • Flexibilidade de horário para eventos fora do horário de trabalho
  • Dinamismo, comprometimento, facilidade de trabalhar em equipe
  • Ter algum conhecimento prévio na área de meio 
  • ambiente ou sobre a gestão pública contribuem bastante.
  • Boa redação
  • Conhecimentos em Word, Excel, noções de Access
CONTATO: enviar curriculo para absilva@prefeitura.sp.gov.br

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

26 de setembro - Dia Internacional das Relações Públicas

Cinco dias após a publicação no Guia das Profissões da Folha de São Paulo de que as Relações Públicas é uma das 10 profissões mais promissoras, comemoramos hoje o nosso dia internacional.

Aos profissionais mais antigos, que desbravaram os caminhos, só temos a agradecer. Foi por obra e graça do esforço desses profissionais – muitos deles já “aposentados” nesta esfera da vida, e talvez praticando a atividade junto de seres mais celestiais – que chegamos ao patamar que hoje nos encontramos.

Aos profissionais que estão atualmente no mercado, abrindo novas frentes e elevando a função para um nível estratégico nas organizações, prestamos nossa homenagem e unimos forças para continuarmos trabalhando de maneira a comprovar que os relacionamentos é que sustentam o sucesso das empresas.

Nos estudantes e ingressantes no mercado de trabalho investimos nossas esperanças de continuidade e “evolução da espécie”, de aprimoramento profissional, de disseminação dos princípios de comunicação, relacionamento e sustentabilidade, de equilibro e harmonia entre as pessoas e os interesses que as movem.




Embora haja discordâncias quanto aos golfinhos serem o símbolo das Relações Públicas, ainda acredito que é o que melhor nos representa.

Além das características tão difundidas da comunicabilidade desses nossos primos mamíferos, também são solidários com seus semelhantes e mesmo com diferentes espécies, a ponto de muitas vezes arriscarem suas vidas para salvar outro ser em perigo ou ferido. Por outro lado, também sabem ser ferozes e protetores da própria comunidade e espécie, quando situações ameaçadoras e predadores audazes se apresentam.

E apesar e por causa das vicissitudes do dia-a-dia, seguem pelos mares alegres, brincalhões, sorridentes, aproveitando os bons momentos e confraternizando com amigos, simplesmente celebrando a vida.


Parabéns a todos os Relações Públicas por fazerem da vida e dos relacionamentos uma razão de celebração!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Fórum apresenta no Brasil os primeiros resultados de pesquisa latino-americana sobre teletrabalho e pessoas com deficiência

A SOBRATT - Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades traz ao Brasil a pesquisadora Sonia Boiarov para apresentar em primeira mão os resultados prévios da pesquisa Telecapacitados que está sendo desenvolvida em 9 países latino-americanos.

O fórum Teletrabalho: uma oportunidade de trabalho para os PCDs acontecerá no próximo dia 29 de setembro, na sede do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), que apóia a iniciativa.

A pesquisa está sendo realizada em nove países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Peru, República Dominicana e Uruguai. O objetivo é conhecer e analisar a situação sócio-trabalhista e o perfil das pessoas com deficiência nesses países, com o intuito de fornecer uma estimativa sobre o treinamento em TIC e o teletrabalho como alternativas para a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho.

O projeto da pesquisa foi desenvolvido pela Comissão TIC da Associação de Usuários de Informática e Comunicações da Argentina (USUARIA), com o apoio financeiro do Centro Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC), instituição canadense criada para cooperação com programas que contribuem para o maior bem-estar e a qualidade de vida nos países em desenvolvimento.

Os números obtidos até o presente já permitem visualizar um primeiro quadro geral. Das 1167 respostas, 46% são de pessoas com alguma deficiência. Dentre esses, 65% responderam que estão trabalhando, sendo que 18% deles no regime de teletrabalho. Entre os que não usufruem dessa modalidade de trabalho, 82% afirmam que gostariam de teletrabalhar.

Sonia Boiarov, coordenadora do projeto, divulgará oficialmente pela primeira vez  estes e outros resultados da pesquisa, realizando uma análise e interpretação dos dados, e delineando uma proposta de inclusão de pessoas com deficiência no Brasil e América Latina.

O evento também conta com o apoio do Instituto Pró-Cidadania, Associação Brasileira de Recursos Humanos–SP e Caixa Econômica Federal. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas pelo e-mail eventos.participe@crasp.com.br ou pelo telefone (11) 3087-3200.

Fonte: Diretoria de Comunicação e Marketing da SOBRATT, 22/09/2008.

Envolverde sorteia 20 vagas para Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade

O Instituto Envolverde realiza nos dias 16, 17 e 18 de outubro, em São Paulo, o Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade, evento direcionado a profissionais de comunicação de redações e de assessorias que, junto com especialistas em água, energia e Amazônia, irão debater como abordar a sustentabilidade de forma transversal em todas as pautas, dentro e fora das redações.

Serão realizados dois sorteios de 10 vagas gratuitas nas próximas duas semanas. Para concorrer, envie um e-mail para instituto@envolverde.org.br com o assunto “Sorteio”, com seu nome, endereço, telefone e profissão. 

O primeiro sorteio acontecerá no dia 25/09 e o segundo no dia 02/10. 

Serão aceitas inscrições até o dia anterior a essas datas. Os vencedores serão contatados individualmente e terão seus nomes divulgados na Revista Digital Envolverde.

Para mais informações e programação, acesse: www.envolverde.org.br.

Participe e Boa Sorte!

domingo, 21 de setembro de 2008

Relações Públicas é uma das 10 carreiras mais promissoras

O caderno especial Guia das Profissões do jornal Folha de São Paulo deste domingo (21/09/2008) apresenta as Relações Públicas como uma das dez profissões mais promissoras da atualidade.

Mais de vinte anos depois de ter escolhido as Relações Públicas como profissão, é uma satisfação imensa ver o reconhecimento do seu valor nas empresas, apesar do claro atraso de conscientização das organizações quanto a importância da manutenção da imagem e reputação e da prevenção e administração de crises. Sempre fico pensando o quão diferente as empresas, os ambientes de trabalho, as relações das empresas com os públicos, a sociedade e próprio planeta poderiam ser melhores hoje se essa consciência tivesse despertado mais cedo.

Mas, antes tarde do que nunca!

Vamos ajustar as velas e aproveitar os bons ventos e a maré a favor. Acredito que ainda há tempo para fazermos aquilo que nos leva a abraçar e aceitar a nossa missão: o bem-comum.

Profissional cuida da reputação das empresas

Função tornou-se mais estratégica e valorizada nos últimos anos

CRISTINA MORENO DE CASTRO

As relações públicas são como uma cesta básica, tão importante quanto feijão e arroz, para o país, as empresas e as pessoas. Quem "vende essa idéia" -no jargão da área- é Paulo Nassar, diretor-geral da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial).
O profissional que coordena essa área responde pela comunicação interna com os funcionários da empresa, assessoria à imprensa e busca de políticas de integração com todos os outros públicos que se relacionam com a instituição.
As maiores empresas instaladas no Brasil incorporaram essa "cesta básica" em seu quadro estratégico de uns anos para cá, aumentando as contratações e os salários do setor.
Segundo pesquisa inédita feita pela Aberje com essas empresas, analistas de comunicação ganham em média por mês R$ 2.800 -enquanto o salário de diretores da área costuma superar os R$ 30 mil mensais.
"Quem cuida da comunicação organizacional é responsável pela gestão da imagem e da reputação da empresa. E isso hoje é irreversível. Esse boom não é só uma tendência de moda", diz a professora de comunicação empresarial da ESPM, Isolda Cremonine.
Graduado em jornalismo, mestre e doutor em relações públicas pela USP, Nassar quer deixar claro que o que está em alta é todo o campo em que vários profissionais -inclusive os relações-públicas- atuam: o da comunicação de organizações.
Mas, para quem quiser pegar o bonde na frente, o curso de relações públicas facilita o ingresso no setor. "Quem faz o curso em nível de graduação já começa com uma vantagem competitiva, com sua formação no campo da atividade relacional. Quem não teve essa formação está procurando ter já num nível de pós-graduação", diz.
Formado em 2006, o paulistano Bruno Carramenha, 23, é exemplo dessa vantagem. Ele faz estágios desde o primeiro ano de faculdade e nunca esteve desempregado. Hoje trabalha na agência de relações públicas LVBA, que atende a empresas do porte de Nokia, Warner e Bayer. Ele afirma que a situação dos colegas também é boa. "Do meu grupo da faculdade, todos estão empregados."
Os estudantes costumam aprender noções de administração, psicologia social, marketing, opinião pública e recursos humanos -currículo que atraiu Milena Cândido, 18. Ela trocou artes cênicas por relações públicas. "Acho que terei mais oportunidades."



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sucesso é igual a uma boa comunicação

Com a informação mais acessível a todos, o sucesso de muitas empresas vem se atrelando a comunicação. Não apenas na publicidade, mas também a tudo que se refere a relacionamentos, sejam com fornecedores, com colaboradores ou comunidades.

A abertura da economia e legislação nas áreas do consumidor e ambiental têm exigido das empresas uma mudança de perfil no sentido do tratamento da comunicação. Quando o mercado muda, passa a exigir um profissional preparado para atender suas demandas. Por isso, a Comunicação Empresarial ou Corporativa se apresenta como um novo e promissor segmento de carreira.

Os dados divulgados pela Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) comprovam a expansão do mercado. Atualmente, existem cerca de 1.200 agências operando no país, com 13 mil profissionais. O mercado na Região Nordeste é um dos que mais cresce, com cerca de 150 empresas, sendo a maioria concentrada em Pernambuco e na Bahia. A expectativa é de que, em cinco anos, o número de especialistas em Comunicação Corporativa chegue a quase 20 mil.

Apesar de promissor, de acordo com o secretário-executivo da Abracom, Carlos Henrique Carvalho, faltam profissionais qualificados. "Hoje, para cuidar da comunicação de uma empresa não basta escrever um bom release, é preciso planejar todo o processo, ter conhecimento em gestão de negócios", detalha. Isso porque este profissional cuida da imagem da empresa, dos seus executivos, da comunicação com os funcionários e com a sociedade (público, mídia).

Outra questão destacada por Carvalho é a postura das empresas nacionais quanto à importância da comunicação. "Para as de médio porte, por exemplo, a comunicação se resume a publicidade. Os gestores têm que entender o que a Comunicação Corporativa oferece", completou, lembrando ainda que, no caso das multinacionais, as políticas de comunicação são bem definidas. "Embora as estabelecidas no país, nem sempre tinham a prática alinhada com a matriz." A comunicação interna, um dos segmentos que mais cresce, comprometendo 9% do faturamento das empresas, é mais um indicador dessas mudanças. "O mercado da Comunicação Corporativa é excelente, com muitas possibilidades e oportunidades."

Embora comunicadores (jornalistas, publicitários) e relações públicas ocupem a maior fatia do mercado e, junto com os administradores, exerçam a maior procura pela especialização, qualquer profissional com interesse no assunto pode aproveitar a oportunidade. "É uma área muita aberta, uma atividade rica que não merece uma reserva de mercado", concluiu o secretário-executivo da Abracom.

Fonte: Jornal Folha de Pernambuco

Google e General Electric anunciam aliança em prol das energias renováveis

San Francisco, 17 set (EFE)

O Google e o grupo General Electric anunciaram hoje a assinatura de um acordo para promover no Governo americano políticas que fomentem a produção de energias renováveis.

"A GE e o Google trabalharão para conseguir políticas federais fundamentais para a construção de um sistema elétrico do século XXI", anunciaram ambas as companhias em um comunicado.

O trabalho incluirá: "elaboração de propostas concretas, criação de alianças, apoio" e "programas de informação e relações públicas". Uma das prioridades das duas empresas é o planejamento de custos e localização "para a transmissão de capacidade necessária, a fim de permitir a geração de energia renovável em grande escala nos EUA".

O comunicado cita ainda "o desenvolvimento de uma rede elétrica inteligente", que permita uma gestão mais eficiente e menos poluidora da energia. O Google e a GE também querem ajudar "no desenvolvimento de energias renováveis" e de tecnologias "relacionadas aos automóveis elétricos".

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Chave da Excelência Disney - pela 1ª vez no Brasil - em Porto Alegre

O workshop oficial A Chave da Excelência Disney vem pela primeira vez ao Brasil para apresentar os segredos da Disney quanto a liderança, gestão, serviços e lealdade.

O evento acontecerá no dia 25 de setembro, no Centro de Eventos Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

Para maiores informações, clique no banner abaixo e aproveite os 10% de desconto na inscrição proporcionados pela parceria com a SOBRATT - Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades





domingo, 14 de setembro de 2008

Chat FUNDAMENTO DIGITAL

Fundamento Comunicação Empresarial inaugura sua nova divisão, a FUNDAMENTO DIGITAL, com um chat que vai acontecer nesta terça-feira, dia 16 de setembro, a partir das 10 horas.

Veja o banner abaixo, clique na imagem para saber os detalhes e clique aqui para fazer seu cadastro para receber seu login para o chat.


Eu também vou estar lá até umas 11 horas!

sábado, 6 de setembro de 2008

Estudo do "case" da transferência

Agora, para quem leu a história toda (isso que eu fui sucinta...), fica o desafio de estudarmos e analisarmos o "case" e tentarmos responder algumas questões.

- A situação toda foi causada por que tipo de problemas?
  • De comunicação?
  • De gestão?
  • De processos?
  • De relacionamento?

- Quem foram os "culpados"?

  • A concessionária?
  • O Poupa-Tempo?
  • O Detran de São Paulo?
  • O Detran do Rio Grande do Sul?
  • O DENATRAN?
  • O CIRETRAN?
  • O governo federal?
  • Os governos estaduais?
  • O governo municipal?
  • Eu (a cliente)?

- Quais seriam (e ainda são) as soluções possíveis?

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Odisséia de uma transferência de veículo – Epílogo

Voltei no Ciretran 5 dias úteis depois.

Para o funcionário que fica fazendo a triagem de quem chega, expliquei que tinha vindo buscar os documentos de transferência.

- Só um momento.

Procurou entre os documentos que ficam dentro de uma caixinha, em ordem alfabética. Terminou e recomeçou. Não estava achando...

- Vou verificar o que houve. É possível que tenha alguma pendência e ainda não tenha sido liberado.

Foi-se o senhor porta a fora ver não sei onde nem com quem o que havia acontecido que o meu documento não tinha chegado. Algum tempo depois ele voltou.

- É, tem uma multa pendente. – Mostrou-me apontando no papel que tinha acabado de imprimir.

Puxa, eu tinha vasculhado tudo e não tinha encontrado nenhuma multa pendente. Pois era uma multa de velocidade aqui de São Bernardo, mas que constava no Detran do Rio Grande do Sul, porque a placa do carro ainda era de lá.

Vim para casa, entrei no site do Detran-RS e imprimi o documento para pagar a multa. Fui no Unibanco e paguei. Dois dias depois voltei ao Ciretran e a resposta foi a mesma: há uma multa pendente no RS.

Não entendi. Mostrei o documento onde constava o pagamento. Mas, o sistema não havia dado baixa. Parece que houve problema de comunicação do sistema... Volte daqui a dois dias.

Voltei. Continuava a multa bela e formosa constando no sistema.

Fui para casa e telefonei para o Detran-RS. O rapaz que me atendeu, muito cordial, explicou-me que o Unibanco não é autorizado para pagamentos do Detran-RS, que o pagamento deveria ser realizado diretamente no Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) ou Banco do Brasil. E ainda aconselhou-me a conseguir que algum amigo ou familiar fosse pessoalmente na boca do caixa, no Rio Grande do Sul, e que mediante o número da placa realizasse o pagamento. A multa sairia imediatamente do sistema do Detran-RS por estarem interligados.

Agradeci e liguei imediatamente para a minha sogra, que é uma pessoa que está sempre disposta a ajudar. Expliquei a situação e ela foi no dia seguinte pagar a multa. Fiquei monitorando o site do Detran-RS. Na noite do dia do pagamento a multa mudou o status de “pendente” para “liquidada”.

Esperei mais dois dias, para ter certeza de que o sistema do Rio Grande do Sul já teria transmitido a informação para São Paulo e voltei no Ciretran. Lá estavam os documentos, novinhos em folha, com o novo número de placa.

- Agora é só a senhora passar lá na casinha azul e colocar as placas.

Peguei o carro, fiz a volta na rua e fui direto para o emplacamento. Deixei o carro lá, na fila, e corri na “casinha azul” para pegar as placas. Estavam lá, esperando por mim! Que bonitas! Nem acreditei...

Daí foi rápido, apresentei os documentos e entreguei as placas para o funcionário. Ele retirou as antigas e colocou as novas em uns dois minutos.

Saí de lá direto para a concessionária, que fica mais ou menos perto. Estacionei na frente da loja, entrei e fui falar com o vendedor que tinha me atendido vinte dias atrás.

- Pronto! Aqui está o documento de transferência.

- Ah, ótimo. Deixa eu falar com a moça da entrega dos veículos para agendarmos.

Telefonou e falou com ela. Desligou e me disse:

- Só tem horário para segunda-feira de manhã.

- Tá brincando! Hoje é sexta-feira, faz exatamente 27 dias que comprei o carro. Será que não dá para a gente fechar a semana amanhã, sábado e terminar essa novela antes que feche um mês do negócio?

- Vou ter que falar com o gerente para ver se ele autoriza.

Foi-se o vendedor falar com o gerente. Enquanto isso, encostei no balcão e pedi um café, para aliviar a tensão. Quando me virei, vi o gerente vindo na minha direção, conversando com outro cliente. Quando ele me vium veio me cumprimentar. Perguntou se estava tudo bem.

- Quase! Finalmente consegui os documentos de transferência do carro e agora, só tem horário para entregarem o novo na segunda-feira. Sinceramente, eu esperava que pudesse passar o final de semana com o carro novo em casa.

- Ah, mas com certeza!

Virou-se e chamou o vendedor.

- Pode falar lá que eu autorizei a entrega para amanhã.

Fomos, o vendedor e eu, até o setor de entrega, e agendamos para o dia seguinte, às 10h 30 a retirada do carro.

Sábado voltei e finalmente consegui fazer a troca dos carros. Ao final de 28 dias, eu deixava meu querido Fiesta antigo e saía com o Fiesta novo. Agora, quando passar por vocês um Fiesta Hatch begezinho, espiem para ver se não sou eu que vou lá, provavelmente com um sorriso de satisfação no rosto. Afinal, nada como enfrentar e superar as dificuldades para dar valor ao que se consegue, não é?

E lembrem-se: se um dia forem morar em outro estado, vendam o carro antes de ir. É mais fácil e dá menos trabalho!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Odisséia de uma transferência de veículo – Parte III

(Depois de um pequeno recesso por razões familiares (além de um pouco de descanso, afinal também sou filha de Deus!), estou de volta pra continuar o relato. Desculpem não ter avisado. Algumas coisas aconteceram de última hora. Espero que todos tenham aproveitado ou estejam aproveitando suas férias e dias de menor trânsito nas ruas para, pelo menos, dormir um pouco mais, assistir televisão, ir ao cinema, colocar a leitura em dia, namorar, ou simplesmente ficar de pés para cima.)

Dia seguinte, levantei cheia de pique, fiz outras coisas que precisava ainda de manhã, nem almocei e fui para o Ciretran. Como eu já havia feito minha nova carteira de habilitação no final do ano passado, sabia onde era. Rodei um pouco para conseguir estacionar do lado oposto da avenida, e lá me fui, com todos os documentos dentro de um envelope plástico. Era meio dia e cinqüenta e cinco minutos. Tinha uma fila na porta, que estava fechada. Daí lembrei: o Ciretran funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h. Fecham para o almoço.

Coisa, aliás, que acho difícil de entender não só lá, mas em todos os serviços públicos e mesmo no comércio. Como podem fechar para almoço, se este é o horário que a maioria das pessoas que trabalha em expediente integral pode ir tratar de seus assuntos pessoais? Não seria muito mais lógico se houvesse um revezamento dos funcionários para irem almoçar, de maneira a continuarem atendendo nesse horário? Enfim... Pelo menos no Brasil não existe o horário da “siesta” como em grande parte dos países latinos.

Esperei abrir a porta e, quando fui atendida pelo moço que lá estava em pé fazendo a triagem, ele perguntou se eu já tinha feito a vistoria do carro.

- Não.
Pensei que primeiro tinha que trazer os documentos aqui. Ninguém me avisou que antes era para fazer a vistoria.

- Então a senhora passe naquela casa azul e branca com o carro para fazer a vistoria. Depois que estiver tudo OK, volte aqui.

Ai, ai. Lá fui buscar o carro, fazer a volta, entrar no outro portão, lá adiante, na fila para a vistoria. E tinha váááários carros na fila. Fiquei lá, lendo e corrigindo artigos dos alunos da pós, de vez em quando andando um pouco com o carro para a frente.

Chego na vistoria. Vem um funcionário e pede os documentos. Olha e devolve. Vem outro e começa:

- Farol baixo. Farol alto. Seta para a esquerda. Seta para a direita. Pise no freio. Engate a ré.

E eu fazendo tudo direitinho. Daí a pouco o moço, atrás do carro, diz:

- Faz favor.

Eu olhei para o lado, para a frente, para trás. Vi o moço olhando para a prancheta e anotando. Não, ele não falou comigo.

- Faz favor.

Olhei de novo em volta, para os outros funcionários, para os outros carros. Ninguém falou comigo ou fez qualquer gesto. Que estranho, será que estou ouvindo coisas?

- Faz favor!

Desta vez identifiquei que era mesmo o moço que estava atrás do meu carro que falava em tom de voz mais alto e agora olhando para mim. Botei a cabeça para fora da janela, olhei para ele e perguntei:

- Sim?

- Faz favor.

- Mas faz favor o quê? – quase gritei, meio indignada. Afinal, ele só repetia o “faz favor” e não dizia o que era para eu fazer. Ligar o carro? Andar?

- Faz favor de vir aqui ver uma coisa.

Putz... Podia ter dito antes...

Então ele aponta a placa traseira do carro.

- As lâmpadas da placa estão queimadas. A senhora tem que regularizar isso e trazer o carro outra vez para a vistoria.

Sim, claro. Não poderia ser tão simples. As lâmpadas da placa traseira estão queimadas. Até onde sei, não são itens de segurança obrigatórios por lei (será que isso mudou?). Tudo bem, deve ter sido quando bateram na traseira do meu carro, eu nem tinha notado. Não adianta argumentar nem discutir. Vou atrás de quem arrume isso.

Saí de lá e fui direto numa mecânica que fica na Av. Vergueiro, aqui em São Bernardo (depois eu coloco o nome aqui), onde há pouco tempo atrás eu havia trocado todas as lâmpadas do carro, porque andavam queimando em seqüência. Fui bem atendida lá daquela vez, é uma família de descendentes de japoneses muito simpáticos.

O senhor de mais idade que me recebeu desta vez. Expliquei o que era, e que talvez fosse meio difícil de trocar porque o porta-malas não estava abrindo desde o acidente. Apesar da idade aparentemente avançada, ele não teve problemas pra trocar as duas lampadinhas com rapidez e conseguiu fazer isso sem precisar abrir o porta-malas.

- Muito obrigada! Quanto é?

- R$5,00.

Feliz da vida com a eficiência e eficácia, bem como com o preço baixo, voltei imediatamente para a vistoria. Fila outra vez. Lembrei da Marta “Suplício”: relaxa e goza! Terminei de corrigir todos os artigos dos alunos. Cheguei novamente na vistoria. Apresentei os papéis e já avisei ao senhor que me atendeu:

- Era só para regularizar as lâmpadas da placa traseira. O resto já está tudo OK.

Por sorte ele só verificou isso mesmo, e me liberou. Ufa! Vistoria feita e aprovada.

- E agora? – perguntei ao funcionário.

- Agora a senhora tem que ir naquela porta lá atrás para encaminhar as novas placas da transferência.

- Ah, certo. Como eu faço para chegar ali daqui?

- Ah, não tem jeito. Aqui dentro não tem retorno. A senhora tem que sair, estacionar o carro lá fora e vir a pé.

Sim, claro. Saí e fui achar um lugar para estacionar depois de duas voltas na avenida. Fui até “aquela porta” entreguei o documento, e me disseram que em 5 dias úteis a placa estaria pronta para retirar.

- Certo. E agora?

- Agora a senhora vai levar os outros documentos no escritório do Ciretran lá atrás.

Ah, sim. Aquele onde eu tinha estado antes e precisava ter feito a vistoria. Fui lá. Entreguei os documentos, e de acordo com eles, se não houvesse nada em desabono, multas, IPVA vencido, etc, em 5 dias úteis a transferência de estado estaria concluída e eu poderia retirar a nova documentação do carro: certificado de propriedade, DUT, etc.

Beleza! Entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Em uma semana estarei com os documentos na mão e poderei levar meu carro na loja para entregar aos “novos donos” e finalmente retirar meu zerinho. Fui para casa com a sensação de ter descarregado o mundo das costas.

(continua no próximo capítulo)