sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Coleção Panos de Prato Zaffari – 1989

1989

Difícil esquecer que nesse ano aconteceu a eleição de Fernando Collor de Mello como Presidente da República. Lembro que ele se elegeu não por mérito próprio, mas pelo temor que se abateu sobre grande parte da população, em especial as classes média e alta, de que o então sindicalista Luis Inácio “Lula” da Silva, do ainda jovem Partido dos Trabalhadores, se elegesse e levasse o Brasil a um regime comunista de governo. Temiam que propriedades conquistadas pelo suor do trabalho fossem confiscadas e redistribuídas, numa espécie de “reforma agrária e urbana” ampla e irrestrita.
Difícil esquecer que a inflação comia o salário por uma perna e que recebíamos hoje e precisávamos correr ao supermercado para fazer as compras do mês ainda hoje para garantir a alimentação e produtos básicos de higiene e limpeza. No dia seguinte, o salário já não valia 2/3 do que quando entrava na conta. Um litro de leite, fundamental para as crianças, era remarcado diariamente, assim como todos os outros produtos nas prateleiras.
Personagem típico da época, o "remarcador maluco".
Na época até ficou famosa a figura caricata do “remarcador maluco”. Inspirado no “carimbador maluco” da música do Raul Seixas, era o funcionário das lojas e mercados que passava literalmente o dia todo remarcando os preços com a maquininha em punho. Era o próprio trabalho sem fim, quando terminava na última prateleira já tinha que recomeçar a remarcação com valores mais altos.
Lá em casa, a nossa salvação era o Zaffari da Fernando Machado. Não sei se foi nessa época que o slogan da rede, Economizar é comprar bem, foi criado, mas independente disso, nunca uma verdade foi tão grande. Como o Zaffari sempre primou pela qualidade dos produtos, nós sabíamos que eventualmente até se pagava um pouco mais por alguns deles, mas a compensação era clara: os produtos rendiam mais, duravam mais, consequentemente o mesmo acontecia com o nosso dinheiro.
Uma ótima lembrança desse ano: o nosso Grêmio Football Porto-Alegrense foi campeão invicto da 1ª edição da Copa do Brasil de Futebol! Eu já tinha comentado que toda a família é gremista?

O reconhecimento do valor das Relações Públicas

A celeuma criada pelo fundador da Facamp, sr. João Manuel Cardoso de Mello ao dizer que o curso de Relações Públicas - entre outros que citou - eram de segunda categoria, sacudiu as bases de profissionais, estudantes e professores de Relações Públicas. Sendo ele um economista, e já tendo feito parte do Ministério da Fazenda há mais de duas décadas, é no mínimo de admirar que ele tenha cometido um ato tão falho e desprezível ao manifestar preconceito em relação a cursos e profissões que – ao que tudo indica – desconhece completamente.

A comunidade dos Relações Públicas tem se manifestado via Twitter e blogs, e, conforme informação divulgada no blog O Cappuccino ocorreu hoje (29/10) reunião entre o dito professor e uma comissão formada representantes da nossa categoria (Conrerp, ABRP, Veris, Puccamp, Cásper Líbero e ECA/USP).

Nós, profissionais e acadêmicos de Relações Públicas, aguardamos para conhecer o resultado desse encontro. Na minha opinião, seria satisfatório se houvesse uma retratação pública da parte do sr. João Manuel e a criação de uma área de Relações Públicas na Facamp para que incidentes desse tipo e outros nunca mais voltem a acontecer naquela instituição ou com seus porta-vozes.

O reconhecimento do valor das Relações Públicas, que já é uma realidade no mercado de trabalho e no meio organizacional, também precisa passar, necessariamente, pelas demais profissões, cursos, instituições e professores deste País.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O futuro do Teletrabalho nas mãos dos jovens!

O artigo a serguir foi publicado na Veja SP de 27/10/2010, é de autoria de Ivan Angelo, e mostra que se as empresas não adotam por iniciativa própria o trabalho a distância, são obrigadas, pouco a pouco, a ceder espaço ao teletrabalho para poder atrair e reter os novos talentos que chegam ao mercado.

"NOVA GERAÇÃO
O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão, com aquela simpatia que os executivos de grandes companhias exibem quando querem transmitir acolhimento e calor humano. Aproveitou para dar uma geral no rapaz.
Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.
Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. Elas precisavam estar preparadas para os próximos dez anos de concorrência.
Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa, apresentados numa pasta de folhas de papel-cuchê embutidas em plástico. Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.
Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.
— Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio.
— Posso te ajudar em alguma coisa?
— Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando. Eu só uso tênis.
O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.
— Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.
Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.
— Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu.
— Não, obrigado. Eu não quero emprego.
O executivo parou estupefato. O menino continuou:
— Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.
— Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?
— Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.
Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:
— É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.
O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:
— Trabalhar em casa você aceita?
— Aceito.
Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade."

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O meu 1º presente de aniversário do ano

Desculpem, mas preciso fazer parênteses aqui, entre um pano de prato e outro.

Até já havia twitado que quando cheguei em casa, na sexta-feira, dia 08/10, tinha um presente lindo me esperando na cozinha. Pedi para adivinharem, lembram?

anamanssour
Oct 08, 9:26pm via Twipic
Cheguei em casa e tinha um presente em cima da mesma me esperando. Meu primeiro presente de aniversário. Adivinhem! http://twitpic.com/2vtujr


É que o meu aniversário é no dia 11, e a gente nunca espera ganhar um presente antes do dia. Mas, quando vi o estilo do pacote, na mesma hora eu soube de quem era. É claro que vocês também já sabem quem foi o remetente, né? O Zaffari!

Olhem o recheio do pacote: vinho espumante e bombons recheados de avelã. Hhhmmm... Delicia!



E a mensagem no cartão? Adorei!


"A glória da amizade não está na mão estendida, nem no sorriso carinhoso, nem mesmo na delídia da companhia. Ela está na inspiração que vem quando descobrimos que alguém acredita em nós."

Não é lindo? Me emocionei... Aliás, gostaria de saber quem é o autor. Muito bonito!

Zaffari, muito obrigada! Eu estava tão borocochô naquele dia... Vocês fizeram toda a diferença!

Um beijo no coração de cada um que faz parte do Grupo Zaffari.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Coleção Panos de Prato Zaffari – 1988

1988

Os 13 anos que separam o pano de prato de 1975 deste de 1988 fizeram uma revolução na minha vida. Muita coisa mudou.

Aqui já estou casada, mãe de duas filhas, a mais velha com 6 anos, a mais nova com quase três. Moramos em um pequeno apartamento de um quarto na rua Demétrio Ribeiro, a pouco mais de 4 quadras de distância do Zaffari da rua Fernando Machado. Eu, funcionária do Processamento de Dados do Banrisul (Banco do Estado), fazendo a faculdade de Relações Públicas na PUC-RS em doses homeopáticas, conforme a grana consegue pagar entre 3 a 6 disciplinas por semestre.

Meu marido faz o curso de Engenharia Química, também em regime homeopático na PUC-RS, e trabalha em turnos numa empresa petroquíica no pólo de Triunfo. Nossos pais ajudam em tudo e de tempos em tempos fazemos as nossas compras no Zaffari indo a pé com as crianças. Às vezes voltamos de táxi quando fazemos um rancho maior e não conseguimos carregar tudo pelas quatro quadras.

Minha filha mais velha, do alto dos seus maduros seis anos, olha para a rampa que leva ao estacionamento em cima do supermercado, e sonha em voz alta: - Mãe, um dia quando a gente tiver um carro vermelho, eu quero subir a rampa do super!

Imaginem... Ter um carro era algo completamente fora das nossas possibilidades! Com duas filhas, morando em um apartamento de um quarto emprestado, pagando faculdade, essa era uma ambição que estava muito longe de alcançarmos. Mas como explicar isso para uma criança? Houve uma vez que ela me perguntou, de dentro do ônibus quando passávamos perto do prédio onde eu trabalhava, por que eu não podia simplesmente pegar dinheiro da minha conta no banco para comprar um brinquedo que ela tinha visto? Afinal, eu trabalhava no banco...

Mas ela sempre foi esperta, e quando expliquei que na minha conta só havia o dinheiro do trabalho que eu fazia, passou a se sentir responsável pelo orçamento da casa e durabilidade do nosso dinheiro. Então, quando via os iogurtes da Turma da Mônica ou alguma outra guloseima que lhe chamava a atenção, sempre me alcançava com a etiqueta do preço bem à vista e perguntava se era muito caro. Nós até não tínhamos condições de dar presentes caros, mas nunca deixamos de comprar e oferecer o melhor para elas em termos de alimentação, e é claro que procurávamos levar alguma guloseima diferente sempre que possível.

Nossos passeios em família eram simples: rancho no Zaffari, passeios no parque perto de casa aos sábados, nos domingos almoço com os avós e longas viagens de ônibus urbanos ou trem para irmos às feiras de filhotes, Expointer e outros programas para lá de puxados, mas que deixavam as meninas felizes, e depois bem cansadas, prontas pra dormir!

Não custa lembrar, para quem viveu a época, e ensinar para os mais jovens, que nesse ano vivíamos o auge da inflação galopante – em que o dinheiro desvalorizava em questão de horas – e o primeiros tempos da abertura política pós-ditadura militar. Nesse ano foi assinada a Nova Constituição Brasileira, que vigora até hoje, um marco histórico na história política do País.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Coleção Panos de Prato Zaffari – 1975

1975

Morávamos, meus pais e eu, na rua General Auto e o Zaffari da Fernando Machado ainda não existia. Passeio bacana era ir de carro fazer o rancho no Zaffari da Ipiranga, que na época achávamos longíssimo de casa, e sonhar que um dia teria um pertinho de nós. Como dá para notar, o pano de prato tá bem usadinho. Trabalhou duro na cozinha por anos a fio, mas agora já faz uns 10 anos que está aposentado e entrou para o “hall da fama” da família.

Nesse ano tive meu primeiro namorado, aos 13, e dei meu primeiro beijo, mas ainda ganhei uma boneca – que eu pedi – de aniversário. Eu teria terminado o primeiro grau, mas fiquei em exame de Matemática, precisando tirar 10. Tive aulas de reforço com professora particular, mas no dia de fazer a prova, desisti. Passei o ano inteiro matando aula, e queria tirar 10 na prova? Até poderia conseguir, mas não estava a fim de tentar. Foi um ano difícil e complicado, com meus pais num processo de separação meio louco e eu tentando – com pouco sucesso – não ficar na linha de fogo, ao mesmo tempo em que iniciava oficialmente a minha adolescência.

Algumas das aulas que matei foram para ficar em casa dormindo, pois passava as noites e madrugadas inteiras lendo. Foi quando estive fascinada por culturas e sociedades antigas e teorias relacionadas com a influência de seres interplanetários no desenvolvimento do conhecimento dessas civilizações. Fui praticamente abduzida por livros como “Eram os Deuses Astronautas?”, “Os Mistérios da Ilha de Páscoa”, “A Civilização Maia” e “A Civilização Egípcia”. Também retomei a coleção do Monteiro Lobato para reler, com outros olhos, “Os Doze Trabalhos de Hércules”, sobre a Grécia Antiga. Mas várias outras vezes fui passear na rua dos Andradas e fazer lanche no Rib’s ou nas Americanas!

Nessa época, estudava no Colégio das Dores e na hora de ir para a aula me encontrava na esquina de casa com o colega e amigo Sady Homrich, que morava na Fernando Machado, uma quadra antes, para irmos juntos pelas restantes 5 quadras que percorríamos a pé (Fernando Machado, Bento Martins e Riachuelo) até chegar no colégio. Estávamos em turmas diferentes, mas era bom ter uma companhia legal pelo caminho. Vários anos mais tarde, o Sady veio a fazer parte da banda Nenhum de Nós.

Sou 100% a favor da liberdade de matar aula. Minhas 4 filhas sempre tiveram essa liberdade. Não tá a fim de ir? Quer ficar dormindo? Quer passear? Beleza! Só avisa para eu não levar um susto quando telefonarem do colégio! Acho um verdadeiro absurdo o que acontece em algumas escolas de algumas cidades em que os alunos gazeteiros são caçados como criminosos e os pais multados e levados a juízo por causa das faltas dos filhos à escola. Não se pode nem se deve obrigar as pessoas a aprender. A lei da seleção natural, como bem comprovou Darwin, se encarrega de punir, se for o caso, aqueles que escolheram ficar ignorantes. Por outro lado, tudo o que é proibido sempre é mais tentador. E matar aula tem um gostinho delicioso quando estamos na adolescência, não tem? Fala sério!